Pela lente da fotógrafa, pela primeira vez me vi. Não é comum parar o ritmo frenético de São Paulo. Ao som de “Triste, louca ou má”, meia luz, vento no rosto, flores nas mãos e luzes na cidade, parei. Às 19:15 de uma segunda-feira, vi florir um sorriso no rosto e acessei um lugar que não imaginava imaginar.
Me aproximei da minha alma, da minha pele e do meu sentir. Com tantas tarefas do dia a dia, nem sempre respeitamos o nosso ritmo. Já percebeu como a gente se cobra, se obriga a se encaixar no tempo dos outros, de prazos e papéis sociais? Mas não somos só vítimas desta roda gigante… Quantas vezes já não fomos nós, os responsáveis por ditar o tempo de algo ou alguém?
Naquele dia respirei diferente. Aquela da foto era eu. Sou eu. E a fotografia, tirando aqueles que nos admiram em segredo, é incansavelmente capaz de capturar a nossa essência. Ela, que não se faz sozinha, se deve ao olhar de quem a fotografou. Lembra daquela frase, “a gente só dá aquilo que tem”? Pois então, por mais diferentes que sejamos, há em nós um pouco de tudo deste universo. O click deste segundo só foi possível por algo que chegou no outro, refratou um sentimento e refletiu de fora pra dentro.
Bem antes de me ver, senti. Antes de sentir, sorri. E só foi possível sorrir, porque vivi. E das nossas vivências vivemos, sentimos, sorrimos e choramos. Pela primeira vez me li mais perto de uma mulher e talvez por isso tenha sentido tanto. Voei no mesmo lugar. Sobrevoei histórias sentindo o vento do ventilador. Saboreei cada segundo de um tempo sonhador. A alma grupal chegou perto de mim, pela primeira vez. E sou grata pela porta que abri. Ela sou eu. Eu sou ela, mas não só ela. Não só eu. Somos todas nós.