Dela,
As máscaras,
A angústia,
O álcool gel,
O isolamento,
As luvas,
A saudade….
E tanto e tanto mais.
O olhar aflito, da janela,
Com os dias, estes e aqueles,
Que parecem não passar,
Num piscar de olhos vemos terminar
E tudo ou nada podem mudar
O tempo,
Num misto de lentidão e “de repentes”
Fez-nos perder
Perdidos com tudo a perder e o dobro a temer
Aprisionados no lar
Sem muito a fazer,
Vemos o desconforto se instalar
Onde antes era tudo o que parecíamos buscar
Um vírus letal.
Não escolheu tom de pele ou classe social.
Descartável com água e sabão,
Sem os mínimos cuidados, torna-se mortal.
O ar para respirar
Nem de perto entendíamos a dimensão
Do que o Planeta nos dava
Sem nada cobrar
Muitos a chorar, outros a desesperar.
Quanto tempo vai durar?
Em alternância, esperança e desgraça não hesitam em aflorar.
Quantas histórias, interrompidas
Quantas correntes de amor, reconstruídas
Palavras não ditas, frases não terminadas, suspiros enfraquecidos.
Vibrações de luz, palavras de consolo, corações em união.
Relações reajustadas, aspirações dilaceradas
Dela,
O amor,
O rancor,
Improviso
E dissabor.
O tédio,
O cansaço,
E tanto e tanto mais.
Sem vacina para a ignorância
E sem remédio para negacionismo
Existem médicos à frente da guerra
E políticos atrás da hipocrisia
Sem rastros de responsabilidade
E consciência devastada, indivíduos se eximem da batalha...
Força para os médicos, enfermeiros e cientistas,
Bombeiros e socorristas,
Professores e jornalistas,
Luz aos internados, enlutados e desencarnados,
Saudosos e ansiosos,
Artistas e realistas
De pele e alma marcados
Seguimos em uma das lutas invisíveis
Mais visíveis de todos os tempos
Sem saber quando, como e porque
O fim, caberá ao futuro descrever
- Beatriz Melo