Diga-me o que pensas
Não me olhe calado
Quem me dera saber decifrar
Mas ainda das palavras eu dependo
Por mais que eu tente interpretar
Posso sim me equivocar
Diga-me, não tenhas medo
Grite, sussurre ou apenas fale
Se não se sente à vontade
Ainda assim,
Escreva!
Adoro ler…
Não te preocupes com palavras bonitas
Vomite o que está entalado
Ou disserte suavemente sobre o papel
Vou entender
Esse seu olhar
Parece ter tanto a dizer
Brotam sentimentos, possíveis aflições,
Desejos ou gratidão
É tão profundo
E tão bonito
Hora brilha
Hora inunda
Por vezes se perde
Mas logo se encontra
Às vezes me pego
Mergulhando em seu olhar
Tentando navegar
E me segurando para não afundar
Diga-me então
O que queres dizer
Ensina-me a decifrar
Esse seu olhar
Mas se preferir
Diga-me com a alma
Diga-me com gestos
Diga-me com a boca
Mas DIGA-ME
E não deixe de dizer
Confie
Estou aqui e não vou fugir
O que vai dizer, eu não sei
Mas já não se pode desistir
Seu olhar me fisgou, começou a falar
Mas eu não soube interpretar
Então eu lhe peço:
Diga-me!
(Beatriz Melo)